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terça-feira, 28 de setembro de 2010

vazio.

Quis escrever mas não havia palavras...
Tanta coisa me assombrava que nenhuma frase me soava bem.
Na cabeça um vazio, nos ouvidos um zumbido, era tanta coisa a precisar de ser expulsa que nada saia.
São pequenos cacos, pedaços de vidro que me cortam por dentro. São ilusões, desgostos, medos, desilusões, vergonhas, angústia... É tudo o que me corta a respiração, aquilo que me tira o sono, o que me deixa sem fome, as coisas que me fazem chorar, que criam em mim a vontade de fugir, é aquilo que me consome!
Quis escrever mas as palavras teimaram em não soar...
Escrever sobre tudo e escrever sobre nada. Pensei em fugir mas percebi que evitar não era solução, por isso quis escrever, mas há algo que não me deixa fazê-lo... As palavras são um zumbido inaudível e a pergunta é... Porquê?

o velho no jardim...

Estava sentado num banco de jardim...
Passei por ele e reparei no seu olhar perdido, imóvel e onocente. Talvez um olhar de saudade, de distância e esquecimento. Quem passava, nem reparava na sua presença, era como se fosse um adereço de jardim, já nem ligavam.
Mas houve algo naquele homem que me chamou à atenção. Sem conseguir, à primeira vista, analisar o que seria, parei e fiquei a contemplá-lo.
Permaneceu imóvel durante longos minutos e ouviu-o murmurar:
- Conheço bem esse olhar...
Olhei para os lados e ele continuava com o olhar fixo e vago...
- Sim, estou a falar contigo! Isto se me deixares tratar-te desta maneira!
Senti o sangue subir-me à cabeça e corei.
- Olhar de pena... Não tenhas pena!
Fixou os olhos em mim e disse-me:
- Senta-te aqui!
Não consegui hesitar e como que fosse um robot sentei-me ao seu lado.
- Há anos que passo os meus dias sentado neste banco. Gosto da natureza, de ouvir os passáros , de sentir o cheiro das folhas. Quem por aqui passa ou me olha com pena ou me ignora... Pensam: "Olha! É mais um..."! Mas já me habituei, eu represento a solidão, sou um ícone e sou mais um que se sente em sintonia com a natureza! É isso! Sou mais um esquecido, um homem rejeitado pela sociedade... Mas já me habituei, acabamos todos por passar pelo mesmo, a nossa presença passa despercebida e caimos no esquecimento. Ignoram-nos porque sabem que há-de chegar a vez deles, olham-nos com pena porque nos assumem como inválidos! É esta a nossa sociedade... A velhice é o selo para a rejeição, somos colocados na prateleira até chegar o dia em que partimos...
O meu coração disparou, a minha vontade era abraçar aquele homem. Continuava de olhos fixos nele, a realidade estava bem à minha frente. Naquele momento percebi... Um dia também eu vou ser assim!